Tenho ouvido muitas vezes a
famosa citação de que a “Religião é o ópio do povo” de muitos irreligiosos, agnósticos,
ateus etc... para afirmar que a religião cega ou alucina ou dar falsas
esperanças aqueles que á segue. É interessante essa citação pela falta de veracidade
de como ela é reverberada. Nesse breve comentário venho tentar desmistificar
essa tal afirmação. Para tal é necessário fazer usos de alguns termos etimológicos
para chegarmos a total compreensão.
O QUE É ÓPIO?
O ópio é um suco espesso que
se extrai dos frutos
imaturos de várias espécies de papoilas soníferas, e que é utilizada como narcótico.
O uso do ópio mascado ou fumado, que se
espalhou no Oriente,
provoca euforia,
seguida de um sono
onírico;
o uso repetido conduz ao hábito, à dependência química, e a seguir a uma
decadência física e intelectual, uma vez que é efetivamente um veneno
estupefaciente.
KARL MARX.
Embora muitos dos que
recitam a famosa citação atribuam a Marx, ele apenas a popularizou. A tal frase
já havia sido dita em escritos de Immanuel Kant,
Herder,
Ludwig
Feuerbach, Bruno Bauer, Moses Hess
e Heinrich
Heine. Marx só haveria de popularizá-la em 1844 com a Crítica da Filosofia do Direito de
Hegel. Nesta publicação o contexto original retrata que a religião,
é coisa da cabeça do homem e que ela tgem um papel de dar uma falsa esperança
do contexto real que se vive, visto que para Marx a religião inverte a consciência
do que se tem no mundo. Segundo Marx a religião tem o poder de fantasiar a
realidade assim como o ópio tem o poder de alucinar e tirar o homem da
realidade, tipo uma droga como o crack. Para Marx o homem na religião deixa de
ver muitas desgraças, miséria da humanidade e vive numa ilusão. Marx considera
que a religião é uma forma de alienação. Nela verifica-se a fratura entre o
mundo concreto e um mundo ideal, entre o mundo em que o homem vive e o mundo em
que ele desejaria viver. Por que razão surge esse mundo ideal? Marx diz que o
mundo celeste é o resultado de um protesto da criatura oprimida contra o mundo
em que vive e sofre. Ou seja, procura-se um refúgio no mundo divino porque o
mundo em que o homem vive é desumano. Num mundo em que "o homem é o lobo
do homem", não há "família humana", o homem não se sente neste
mundo como em sua casa. O mundo religioso, o "Reino de Deus", não tem
consistência própria, não é verdadeiramente real. É um "reflexo" de
degradantes condições materiais de vida, da opressão da grande maioria dos
homens por outros. É a "flor imaginária" que decora os grilhões que
oprimem os explorados; é o "suspiro" de quem se vê degradado na sua humanidade,
transformado em objeto e máquina produtiva que quanto mais enriquece os
exploradores mais se empobrece a si mesmo. Segundo Marx, da religião o homem
não pode esperar a sua libertação e emancipação. Ela é um "sintoma"
da desumanidade do mundo dos homens e não o remédio para esse mal. Mais do que
isso, ela é um "ópio", um produto tóxico, que entorpece, aliena e
enfraquece porque a esperança de consolação e de prometida justiça no
"outro mundo" transforma o explorado e oprimido num ser resignado,
tende a afastá-lo da luta contra as causas reais do seu sofrimento.
MAS SERÁ TUDO ISSO VERDADE?
Sabe-se, que o pensamento de
Marx estava diretamente voltado para sua grande luta, a questão da política
social, luta que era travada frente a um grupo de filósofos sociais que estavam
desculpando toda a injustiça, a desigualdade social mantidas pela classe
dominante; acusando a religião, responsabilizando-a por fomentar as ilusões
religiosas da grande massa oprimida
Sabemos que a igreja
católica sempre escondeu as verdades bíblicas por mais ou menos 10 séculos, com
Bíblias somente em Latim e é claro só os clérigos sabiam falar, isso não
podemos esconder. No entanto essa escuridão fica somente na parte religiosa,
sabe-se que a igreja católica foi a pioneira em criação de Universidades no
mundo, criando cursos de teologia, para monges, Direito e Medicina Para as
demais Classes. Como se pode dizer que a religião é o ópio do povo quando a
mesma cria centros de estudos visando dar uma ideia mais critica da vida? Se
hoje temos uma formação superior, qualquer que seja ela, isso se deve ao
cristianismo. A primeira Universidade do mundo Ocidental foi a de Bolonha
(1158), na Itália, que teve a sua origem na fusão da escola episcopal com a
escola monacal camaldulense de São Félix. Em 1200 Bolonha tinha dez mil
estudantes (italianos, lombardos, francos, normandos, provençais, espanhóis,
catalães, ingleses germanos, etc.). A segunda, e que teve maior fama foi a
Universidade de Paris, a Sorbone, que surgiu da escola episcopal da Catedral de
Notre Dame. Foi fundada pelo confessor de S. Luiz IX, rei de França, Sorbon.
Ali foram estudar muitos grandes nomes como Inácio de Loyola, Francisco Xavier
e Tomás de Aquino. A universidade de Paris (Sorbonne) era chamada de “Nova
Atenas” ou o “Concílio perpétuo das Gálias”, por ser especialmente voltada à
teologia. O que falar então da famosa universidade de Oxford, na Inglaterra que
surgiu de uma escola monacal organizada como universidade por estudantes da
Sorbone de Paris. Dentre outras mais!
O LADO BIBLICO DA COISA!
Como a religião é o ópio do
povo que até mesmo a Bíblia se encarrega de nos mostrar o lado negro do mundo,
sofrimentos, pestes, terremotos, fomes, etc.. (Ver o sermão de Mateus cap. 24),
o próprio Jesus disse no evangelho de João cap. 16 versículo 33 que nesse mundo
teríamos aflições, (desemprego, doença, brigas, crises psicológicas, etc...)
UMA CURIOSIDADE!
Karl Marx era filho de
família rica, não passou necessidade, não teve sofrimentos nem frustrações,
aparentemente, com sua família Porém foi acometido por uma rebelião contra
Deus, contra a religião de difícil compreensão. Não era a defesa da laicidade
que pregava e sim, claramente, contra Deus, não era um descredito de um mito,
mas uma clara oposição a alguém que ele sabia que existia e resolveu lutar
contra. Um jovem que sonhava com justiça social, amor ao próximo cheio de
sonhos, como poderia ter agora declarações tão pessimistas e tão revoltantes
contra um Deus que ele dizia amar e conhecer. Ele era tão comunista que nem se
quer dividiu sua grana com os pobres.
Escrito por: Edrisse Pinho, Pastor Teólogo e Conferencista.