Vejamos agora o desenvolvimento das vestes clericais. O clero cristão não se vestia diferente do povo comum até a chegada de Constantino.
Contrariamente ao que pensa a opinião pública, as vestes do clero, inclusive as “vestes eclesiásticas” da tradição litúrgica da “alta igreja”, não tiveram origem nas vestes sacerdotais do AT. Tiveram origem na roupa secular do mundo greco-romano.
Clemente de Alexandria (150-215 d.C.) sustentava que o clero deveria vestir roupa melhor que
as pessoas comuns. Já por este tempo, a liturgia da Igreja era considerada um evento formal.
Clemente disse que a roupa do ministro deveria ser “simples” e “branca”.
O clero usou a cor branca por muitos séculos. Parece que tal costume foi adotado do filósofo
pagão Platão que escreveu que “a cor branca era a cor dos deuses”. Nesse aspecto tanto Clemente como Tertuliano (160-225) acreditavam que o colorido não se coadunava com Deus.
Com a chegada de Constantino, a distinção entre bispo, sacerdote e diácono se arraigou.
Quando Constantino transladou sua corte para Bizâncio e a renomeou. Constantinopla no ano 330 d.C., gradualmente a vestidura romana oficial foi adotada pelos sacerdotes e diáconos. Agora o clero era identificado por vestir-se com a roupa dos oficiais seculares.
Depois da conquista do Império Romano pelos Alemães a partir do século IV, a moda das
vestes seculares mudou. A batina enfeitada dos romanos foi substituída pela túnica curta dos Godos. O clero, desejando diferenciar-se das pessoas comuns, continuou usando as antigas e arcaicas roupas romanas.
Os clérigos usavam estas antigas vestes durante o culto da igreja seguindo o modelo do ritual da
corte secular. Quando os leigos adotaram o novo estilo de roupa, o clero acreditava que tal
roupa era “mundana” e “bárbara”. Eles preservaram o que julgavam ser uma veste “civilizada”. Foi isso que ocorreu com as vestes clericais. Esta prática foi apoiada pelos teólogos daquele tempo. Por exemplo, Jerônimo (347-420) comentou que o clero jamais deveria entrar no santuário com roupa ordinária.
Do século V em diante, os bispos usavam a cor roxa. Nos séculos VI e VII as vestes do clero tornaram-se mais detalhadas e caras. Durante a Idade Média, a roupa adquiriu significados místicos e simbólicos. Vestes especiais surgiram por volta dos séculos VI e VII. E surgiu o costume de colocar sobre a roupa comum um jogo de vestes especiais na sacristia.
Durante os séculos VII e VIII as vestes foram aceitas como objetos sagrados herdados das batinas dos sacerdotes levíticos do Velho Testamento. (Foi uma racionalização para justificar a
prática). Pelo século XII o clero começou a levar a batina para a rua, o que os distinguia das pessoas comuns.
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